quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011 By: Fredolento

“Assexuais” Conheça mais sobre a nova tribo que não gosta de sexo

Assexualidade é a ideia de orientação sexual caracterizada pela indiferença à prática sexual, ou seja, o assexual é um indivíduo que não sente atração sexual, tanto pelo sexo oposto quanto pelo sexo igual. Algumas pessoas acreditam que a assexualidade não é uma orientação sexual mas uma disfunção sexual. E também existem algumas pessoas que não acreditam na existência da assexualidade.
 
 
Eles não são gays, nem héteros, nem bissexuais. Apenas não gostam de transar. Não sentem atração nem por homens e nem por mulheres. Defendem a abstinência e lutam para serem reconhecidos como uma nova orientação sexual.

Assexuados, esta será provavelmente a quarta orientação sexual, além de héteros, homossexuais e bissexuais. Essa tribo defende e luta em favor da abstinência, ou seja, de não transar, nem beijar, nem qualquer forma de carinho ou contato íntimo.

Variações

 Há diferenças entre as pessoas que se identificam como assexuais, principalmente entre elas a presença ou ausência de uma direção sexual ou atração romântica. Alguns experimentam apenas um desses, enquanto outros experimentam ambos, e ainda outros nenhum deles. Há uma discórdia sobre qual dessas configurações pode genuinamente ser descrita como assexual. Enquanto um número de pessoas acreditam que todas as variações sejam qualificadas como tal, muitas outras acreditam que para ser assexual, deve-se ter falta de direção sexual, atração romântica ou ambos.

A direção sexual desses assexuais que têm uma, não é dirigida a nada; é apenas um desejo por estimulação sexual ou liberação. Pode variar de fraco a forte, e de raro a frequente. Alguns assexuais experimentam sentimentos sexuais mas não têm desejo de fazer o ato, enquanto outros procuram liberação sexual, seja via masturbação ou por contato sexual, ou ambos.

Para aqueles assexuais que experimentam sentimentos de atração romântica, ela pode ser direcionada para um ou ambos os gêneros. Esses assexuais frequentemente têm desejos por relacionamentos românticos, variando de ligações casuais até casamento, mas frequentemente não querem que essas relações incluam atividade sexual. Por causa dessa orientação sexual, alguns assexuais se descrevem como assexuais gays, bissexuais, ou heterossexuais; isso é relacionado ao conceito de orientação afetiva.

Aqueles assexuais que não querem relacionamentos românticos estão numa posição difícil, já que a maioria das pessoas não são assexuais. Assexuais capazes de tolerar o sexo podem fazer par com não-assexuais, mas então sua falta de atração pode ser psicologicamente angustiante para seu companheiro, fazendo um romance de longa duração difícil. Assexuais que não podem tolerar o sexo devem ou se comprometer com seus companheiros e ter uma certa quantidade de qualquer jeito, dar a seus companheiros permissão de procurar sexo em algum outro lugar, ter relacionamentos sem sexo com aqueles poucos que ele tem desejo, só namorar outros assexuais, ou ficarem solteiros.

Alguns assexuais usam um sistema de classificação desenvolvido (e então aposentado) pelo fundador da Asexual Visibility and Education Network, uma das principais comunidades online de assexuais (abreviada como AVEN). Nesse sistema, assexuais são divididos em tipos de A a D: um assexual do tipo A tem direção sexual, mas sem atração romântica, um tipo B tem atração romântica mas não tem direção sexual, um do tipo C tem ambos, e o tipo D, nenhum. As categorias não significam que são inteiramente discretas ou "escritas na pedra"; o tipo de uma pessoa pode mudar, ou pode-se estar na fronteira entre dois tipos. Note que a própria AVEN não usa mais esse sistema, já que ele é muito exclusivo, mas um número de assexuais ainda a sentem como uma ferramenta útil para explicar sua orientação.

Note que a assexualidade não é o mesmo que celibato, que é a abstinência deliberada de atividade sexual; muitos assexuais fazem sexo, e a maioria dos celibatários não são assexuais.

Atração

Muitos assexuais experimentam a atração, mas não sentimos a necessidade de agir sobre essa atração sexualmente. Em vez disso, sentimos um desejo de conhecer alguém, de nos aproximar dessa pessoa da forma que funciona melhor para nós. Assexuais que sentem atrações muitas vezes são atraídos por um gênero em particular, e se identificarão como gay/lésbica, bi ou hetero.

Excitação Sexual

Para alguns assexuais a excitação sexual é uma ocorrência bem regular, mas não está associada a um desejo de encontrar parceiro(s) sexual(is). Alguns ocasionalmente se masturbam, mas não sentem vontade de compartilhar sua sexualidade fisicamente com outra pessoa. Outros assexuais não sentem excitação sexual alguma (ou muito pouca). Como nós não nos importamos com o sexo, assexuais geralmente não vêm a falta de excitação sexual como um problema a ser corrigido, e focam suas energias em aproveitar de outras maneiras de excitação e prazer.

 Depoimentos

“O sexo me enoja”, diz Michael Doré, 28 anos, matemático. Michael diz ser um assexuado convicto e que nem pensa em transar, ainda mais nos dias de hoje que o sexo é praticamente uma obrigação. Os assexuados são de todas as partes do mundo, sendo totalmente capazes de fazer sexo mas, sem nenhuma vontade para a coisa.

Os assexuados tem o apoio da AVEN (Assexual Visibility and Education Network), que é uma rede que luta pela visibilidade dos assexuados. Essa turma frequenta passeatas gays com o objetivo de lutar contra o preconceito em relação aos que não gostam de transar, há desde aqueles que o faziam por obrigação para não perder o parceiro.

De acordo com Elisabete Oliveira, socióloga, existem dois grupos de assexuais, os românticos e os não românticos. O primeiro grupo pode se apaixonar, casar e ter filhos, a única diferença é que não terá sexo envolvido, já o segundo grupo não é apto a se apaixonar e sente repulsa de carinhos.

Esses dois grupos ainda podem ser classificados como libidinosos ou não, de acordo com Keith Walker, 37 anos “Ser assexual não significa, necessariamente, não ficar excitado. Muitos de nós se masturbam, mas não estabelecem relação entre isso e o sexo. É apenas uma maneira de relaxar e aliviar o stress”.

Segundo Tânia Mauadie Santana, psicóloga, nos dias de hoje é comum que a libido, energia antes canalizada para o sexo, seja voltada para outras áreas da vida, como trabalho, estudos e até mesmo para a comida.

Segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh, a assexualidade só requer tratamento quando gera sofrimento. “Se a falta de desejo ou o excesso dele impedir alguém de ser feliz, aí, sim, deve-se falar em tratamento. Caso contrário, não há por quê”, afirma o médico.

O site Refúgio Assexual, criado pelo pernambucano Julio Neto, 19 anos, tem como objetivo discutir o assunto e conviver com pessoas “iguais”.

“Até os 11 anos de idade, eu e meus amigos éramos todos parecidos, brincávamos das mesmas coisas e tínhamos ‘nojo’ de beijo de língua e sexo. Aos 12 anos, esses mesmos garotos passaram a ficar fascinados por mulheres. Falavam sobre elas o tempo todo, idealizavam como seria transar e folheavam revistas de sacanagem. Eu não conseguia entender o que, de uma hora para outra, havia mudado tanto entre eles. Na minha cabeça, havia a possibilidade de que, cedo ou tarde, eu também fosse me sentir como eles. Cheguei a pensar que era gay. Mas, se as mulheres não me atraiam sexualmente, os homens, muito menos. Então, aos 16 anos, quando todos meus amigos e amigas só falavam e pensavam em sexo, passei a me considerar assexual. E, temendo o estranhamento das pessoas, guardei comigo esse segredo” explica Michael Doré.

Ele conta que viveu episódios dolorosos de bullying na escola, os amigos o excluiram da turma, por o acharem homossexual, quando na verdade não sabiam a diferença entre homossexualidade e assexualidade. Ele diz ainda que espera encontrar uma parceira assexual como ele, para que ele possa manter um relacionamento, sem sexo, é claro!

“Tenho 32 anos, estou solteira e sou formada em pedagogia, mas trabalho em um projeto ambiental do estado de Minas Gerais. Fui filha única até os 23 anos de idade, quando nasceu meu irmão do segundo casamento da minha mãe. Coincidência ou não, foi nesse mesmo ano que perdi minha virgindade. Fui uma adolescente tardia. Até os 14, brincava com Barbies, hoje, algo impensável para a nova geração. Mas não foi por isso que demorei para transar. Sempre desconfiei que havia algo diferente comigo. Não sentia o prazer que minhas amigas diziam sentir quando saíam com rapazes. Achava que tinha algum tipo de problema e, por ser muito jovem, não conseguia conversar sobre isso com ninguém. Sofria sozinha. E, como imaginei que aconteceria, odiei o sexo desde a primeira vez. Foi com um namorado da época. Eu gostava dele, adorava beijá-lo, fazer e receber carinho. Teoricamente, todos os ingredientes necessários para dar certo. Mas, sem sexo, não deu. Por mim, passaria o resto da vida sem transar e seria feliz! Mas gosto de namorar e, infelizmente, é quase impossível encontrar, pelo menos aqui no Brasil, alguém igual a mim. Até por isso não consigo entrar em um relacionamento sério há cinco anos. Isso significaria enfrentar uma pressão enorme para transar e, fatalmente, me deixaria infeliz. Sei que meu problema não é físico. Já fui a médicos, fiz várias contagens hormonais e não há absolutamente nada errado comigo” afirma Rosângela Pereira dos Santos, 32 anos, pedagoga.

Ela conta ainda que atinge o orgasmo apenas se estimulando sozinha e que gosta de sair para jantar, ir ao cinema, fazer carinho e beijar, mas não suporta tudo que envolve a genitália, como sexo oral e penetração. E que infelizmente não tem um relacionamento porque é muito dificil encontrar alguem assexual como ela.

“Descobri que sou assexual há seis anos. Meu primeiro casamento tinha acabado de terminar. Ficamos quatro anos juntos, mas, nesse tempo todo, só transamos umas cinco vezes. Depois de casarmos, no entanto, minha ex-mulher não conseguiu mais lidar com minha falta de interesse em sexo. E, para falar a verdade, eu também não. Me sentia como um peixe fora d’água, não só pela cobrança de minha mulher, mas porque todos os meus amigos e familiares tinham uma vida sexualmente ativa e, como a maioria das pessoas, viviam falando disso. Não sou impotente. Pelo contrário, ficar excitado é algo perfeitamente normal para mim, basta concentração. O que não tenho é tesão. A ejaculação, para muitos assexuais, é uma simples forma de alívio físico. E é justamente o que acontece comigo. Eu era apaixonado pela minha ex-mulher, mas não sentia desejo por ela (como não sinto, aliás, por ninguém). Não conseguimos entrar em um acordo saudável para ambos, e o relacionamento terminou. A partir daí, resolvi procurar apoio na internet, buscando pessoas como eu e, assim, fazer parte de um grupo, finalmente” relata Keith Walker, 37 anos.

Ele conta que depois que conheceu a AVEN se sentiu melhor pois todos o entendiam e aceitavam. E que foi através das reuniões de grupo que ele conheceu sua atual esposa, que de acordo com ele é linda, doce e é como ele, uma assexual. Eles estam casados há três anos e pretendem ter filhos.

“Se decidirmos ter filhos naturais, não vejo por que não fazer sexo para engravidar. Nesse caso, não estaríamos nos divertindo, estaríamos apenas procriando. Não sou incapaz de fazer sexo. Pelo contrário, é uma opção não praticá-lo. E isso é muito libertador.”Publicou o site Tvabcd.

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