terça-feira, 8 de fevereiro de 2011 By: Fredolento

TOC: Obsessão

Você sabia que segundo a Organização Mundial da Saúde, no Brasil existem mais de quatro milhões de pessoas com esse transtorno?
E este mesmo transtorno está entre as dez maiores causas de incapacitação profissional? Pois é... Isto não é brincadeira, e em outras palavras, deve ser diagnosticado e tratado o quanto antes.
A característica básica do transtorno obsessivo-compulsivo é a recorrência de pensamentos obsessivos, que mantêm a pessoa em um clima de ansiedade até a realização de atos compulsivos. Se a pessoa não pratica a compulsão, ela teme que algum mal aconteça a si e a outros. 

Querer sentir-se seguro no dia a dia é um desejo normal, para que isto aconteça é preciso ter certos cuidados como seguir regras e evitar situações que possam nos ameaçar. Quando estes cuidados são repetidos excessivamente podemos estar diante de um transtorno comum: o TOC. 
Quais as causas do TOC
      A ciência tem conseguido esclarecer vários fatos em relação ao TOC embora não consiga ainda esclarecer suas verdadeiras causas. Provavelmente concorrem vários fatores para o seu aparecimento: de natureza biológica envolvendo aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções cerebrais; fatores psicológicos como a aprendizagem; certas formas errôneas de ver e interpretar a realidade próprias dos portadores do TOC, e até culturais.
      Na medida em que as pesquisas avançam tem ficado mais evidente a importância dos fatores de natureza biológica. As evidências neste sentido são o fato de o TOC ocorrer após traumatismos, lesões ou infecções cerebrais; ser muito comum que numa mesma família existam vários indivíduos acometidos sugerindo uma predisposição genética. Além destes fatos foi sobretudo importante a descoberta de que determinados medicamentos que estimulam de alguma forma a assim chamada função serotonérgica cerebral reduzem os sintomas de TOC. Este último fato nos faz pensar que possa existir um distúrbio neuroquímico do cérebro envolvendo o funcionamento das vias nervosas que utilizam a serotonina (substância que existe naturalmente no cérebro) para transmitir seus impulsos.
      Observou-se ainda que certas zonas cerebrais são hiperativas em portadores de TOC, isto é, funcionam mais do que em indivíduos normais (na parte frontal - região periorbital, em regiões mais profundas do cérebro - gânglios ou núcleos da base). Esta hiperatividade tende a se normalizar tanto com o tratamento farmacológico bem como com a terapia cognitivo-comportamental. Como se vê, são evidências, embora muito genéricas, para a hipótese de que existe algum tipo de disfunção neuroquímica no funcionamento cerebral.
Supõe-se ainda que fatores ligados ao tipo de educação (mais ou menos severa ou exigente, incutindo culpa ou não), ao tipo de cultura social e familiar, possam também influir sob a forma de crenças e regras que regem a vida da pessoa criando uma espécie de terreno propício para o surgimento do transtorno. Por estes motivos usualmente se associam aos medicamentos, terapias psicológicas - a terapia cognitivo-comportamental no seu tratamento.

Howard, de 'O Aviador', sofria com o Transtorno Obsessivo Compulsivo
Mania de deixar os quadros alinhados, fazer o sinal da cruz toda vez que passa por uma igreja ou lavar as mãos várias vezes durante o dia, podem ser alguns dos rituais que a pessoa está acostumada a fazer. Mas, quando essas obsessões tornam-se frequentes e começam a interferir na vida social e profissional, pode ser sinal de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que de 1% a 3% das pessoas tenham a patologia. Quem não se lembra do filme Melhor é Impossível, em que o escritor Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson – a atuação rendeu a ele o Oscar de melhor ator – caminha pelas calçadas pulando as listras do piso? 
Geralmente, quem tem TOC apresenta essas manias por medo. Medo de contrair doenças, de cometer falhas, de ser responsável por algum acidente ou qualquer outra situação ruim em sua vida.


1- O que é o TOC? 

O TOC é um transtorno mental incluído entre os chamados transtornos de ansiedade.

2- Quais são os seus sintomas?

Seu sintoma principal é a presença de obsessões que são acompanhados de ansiedade ou desconforto, e das compulsões ou rituais realizados para reduzir a aflição que acompanha as obsessões.

3- O que são obsessões? 

Obsessões são pensamentos ou impulsos sentidos como estranhos ou impróprios, que invadem a mente de forma repetitiva e persistente. Podem ainda ser imagens, palavras, frases, números, músicas, etc.

4- Quais as obsessões mais comuns?

• Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação

• Dúvidas quanto a fechar o carro, o gás, etc

• Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento

• Pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir outras pessoas

• Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios, relacionados a sexo (comportamento sexual violento, abusar sexualmente de crianças, falar obscenidades, etc.)

• Preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar

• Preocupações com doenças ou com o corpo

• Religião (pecado, culpa, escrupulosidade, sacrilégios ou blasfêmias)

• Pensamentos supersticiosos: preocupação com números especiais, cores de roupa, datas e horários (podem provocar desgraças)

• Palavras, nomes, cenas ou músicas intrusivas e indesejáveis

5- As obsessões interferem no estado emocional das pessoas? 

Sim, obsessões são pensamentos, e já sabemos que os pensamentos determinam nossas emoções; geralmente as pessoas sentem ansiedade, medo, aflição, angústia, culpa ou desprazer.

6- O que as pessoas com TOC fazem para lidar com essas emoções? 

Elas tentam neutralizar esse desconforto realizando rituais ou compulsões, ou através de evitações (não tocar, evitar certos lugares).

7- O que são compulsões ou rituais? 

São comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos, executados em resposta a obsessões, ou em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente.

8- Quais as compulsões mais comuns? 

• De lavagem ou limpeza

• Verificações ou controle

• Repetições ou confirmações

• Contagens

• Ordem, simetria, seqüência ou alinhamento.

• Acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis (colecionismo), poupar ou economizar.

• Compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números.

• Diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos.

9- Existem compulsões mentais que a pessoa faz e ninguém percebe? 

Sim, elas são realizadas mentalmente e não mediante comportamentos motores, observáveis. Elas têm a mesma finalidade: reduzir a aflição associada a um pensamento. Alguns exemplos:

• Repetir palavras especiais ou frases

• Rezar

• Relembrar cenas ou imagens

• Contar ou repetir números

• Fazer listas

• Marcar datas

• Tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos contrários.

10- Existe mais algum tipo de compulsão? 

Não são bem compulsões de fazer, mas de não fazer; são chamadas de evitações.

11- Quais são estas evitações? 

• Não tocar em trincos de portas, corrimãos de escadas ou de ônibus; não tocar nas portas, nas tampas de vasos, descargas ou torneiras de banheiros (ou usar um lenço ou papel para tocá-los);

• Isolar compartimentos e impedir o acesso dos familiares quando estes chegam da rua; obrigá-los a tirar os sapatos, trocar de roupas, lavar as mãos ou tomar um banho quando chegam da rua;

• Restringir o contato com sofás (cobri-los com lençóis, não sentar com a roupa da rua ou com o pijama);

• Não sentar em bancos de praça ou de coletivos;

• Não encostar roupas usadas “contaminadas”, nas roupas “limpas” dentro do guarda-roupa;

• Evitar sentar em salas de espera de clínicas ou hospitais (principalmente em lugares especializados em câncer ou AIDS);

• Não usar talheres de restaurantes ou de outras pessoas da família;

• Não usar telefones públicos;

• Não cumprimentar determinadas pessoas (mendigos, aidéticos, pessoas com câncer, etc.);

• Não utilizar banheiros que não sejam os da própria casa;

• Evitar pisar no tapete ou piso do banheiro em casa ou no escritório;

12- As compulsões e os rituais curam a pessoa que tem o TOC?

Não. As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade associada às obsessões, levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por uma obsessão.

Por outro lado, em vez de enfrentar as obsessões que geram seus medos seus medos a pessoa faz com que eles se perpetuem, tornando-se ao mesmo tempo prisioneiro das suas compulsões e dos seus rituais.

13- As compulsões tem uma conexão com a realidade?

Assim como as obsessões podem ser ilógicas também as compulsões podem não ter uma conexão com a realidade que desejam prevenir:

Por exemplo: alinhar os chinelos ao lado da cama antes de deitar para que não aconteça algo de ruim no dia seguinte; dar três batidas em uma pedra da calçada ao sair de casa, para que a mãe não adoeça.

Isto acontece nesses casos,porque por trás desses rituais existe um pensamento ou obsessão de conteúdo mágico, muito semelhante ao que ocorre nas superstições.

14- O TOC torna a vida das pessoas mais dificeis?

Sim, por exemplo, é comum, em portadores do TOC, a lentidão ao executar tarefas.

Essa lentidão pode ocorrer em razão de dúvidas, repetições para “fazer a coisa certa ou exata...” (tirar e colocar a roupa várias vezes, sentar e levantar, sair e entrar, etc.), verificações repetidas (trabalho, listas, documentos), banho demorado, tempo demasiado para se arrumar (perfeccionismo), ou do adiamento de tarefas devido à indecisão (necessidade de ter certeza).

15- Há conseqüências na convivência familiar?

Sim, as pessoas com TOC podem fazer exigências que vão causar conflitos constantes comprometendo a harmonia conjugal e familiar. Vamos pensar nas pessoas que tem preocupações excessivas com sujeira, doenças e contaminação:

Uma paciente obrigava seus familiares a trocarem a roupa ou os sapatos para entrar em casa;

Outra obrigava o marido a tomar um banho imediatamente antes das relações sexuais;

Uma terceira obrigava o marido a lavar a boca antes de lhe dar um beijo ao chegar da rua e

Outra exigia que seu filho de dois anos usasse luvas para abrir a porta

16- Quais as causas do TOC? 

Até o presente momento, ainda não foram esclarecidas as verdadeiras causas do TOC. Evidências apontam diversos fatores de ordem biológica (envolvendo especialmente o funcionamento cerebral) e de ordem psicológica que contribuem para o aparecimento e para a manutenção dos sintomas.

17- O TOC é considerado uma doença grave?

Sim, o TOC é considerado uma doença mental grave por vários motivos: está entre as dez maiores causas de incapacitação, de acordo com a organização Mundial de Saúde; acomete preferentemente indivíduos jovens ao final da adolescência – e muitas vezes começa ainda na infância -, sendo raro seu início depois dos 40 anos; geralmente é crônica e se não tratada, na maioria das vezes seus sintomas se mantêm por toda a vida.

18- O TOC é uma doença rara?

Não, o TOC é uma doença bastante comum, acometendo aproximadamente um em cada 40 ou 50 indivíduos.

No Brasil, é provável que existam entre 3 e 4 milhões de portadores. Muitas dessas pessoas, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca foram diagnosticadas e tampouco tratadas.

Talvez a maioria desconheça o fato de esses sintomas constituírem uma doença para a qual já existem tratamentos bastante eficazes.

19- Quais os tratamentos indicados para o TOC? 

Os tratamentos mais efetivos para o TOC incluem alguns medicamentos e também a terapia cognitivo-comportamental.

A hipótese de que as aprendizagens errôneas desempenham importante papel no TOC consiste na base do chamado modelo cognitivo-comportamental reduzir seus efeitos constitui forte evidência a favor dessa hipótese ou modelo.

Esta reduz ou elimina os sintomas em mais de 70% dos pacientes. A terapia ainda é um método pouco conhecido e pouco utilizado em nosso meio. 

Fonte de pesquisa : Revista Vida e Saúde
                          http://www.diaadiarevista.com.br/News/11/59/toc-obsessao.aspx

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